Este prato costumava ser servido na ilha do Pico aos homens que eram contratados para
trabalhar nas terras: no cultivo da batata, do milho...
Servia de almoço e era carregado à cabeça dentro de panelas em cesto de vimes pela
esposa do dono dos terrenos.
Por que se chamam tortas?
Talvez pelo formato. Não consegui apurar. Mas é muitas vezes confeccionado para
aproveitamento de sobras cá em casa.
Hoje foi o meu almoço.
Deliciem-se!
Ingredientes:
sobras de peixe ou carne ( usei 3 lombos de salmão)
pão caseiro da véspera (usei uma fatia grossa de pão caseiro)
ovos (usei 8 ovos)
cebola (usei 1 pequena )
sal
fermento royal (2 colheres de chá)
colorau (1colher de sobremesa)
salsa (1 molhinho para as tortas e outro para o molho)
vinagre (2 colheres de sopa)
água ( 1 copo grande)
Modo de confeccionar:
Antigamente os ingredientes eram moídos no moínho de ferro tradicional.
Hoje, pica-se no 123 a cebola, a salsa, o pão e os restos de peixe ou carne.
À parte batem-se os ovos e adiciona-se o preparado anterior e 2 colheres de chá de fermento ROYAL.
Vai a fritar, às colheradas grandes, em óleo.
Vai-se colocando as tortas num tacho.
Para o molho usa-se a mesma tigela na qual se deixou um resto do preparado. Adiciona-se o colorau, o sal, a água e o vinagre. Deixa-se levantar fervura e depois coloca-se a salsa picada. Põe-se este molho por cima das tortas e abafam-se com a tampa para incorporarem o molho nelas.
Servem-se acompanhadas de batata doce ou inhame cozido e pão de milho frito.
Patrícia
4 comentários:
Estas tortas são ligeiramente diferentes das nossas tortas da Terceira. As nossas não levam pão. No entanto,a história que as acompanha é parecida: a minha avó também contava que o meu tio tinha que as ir levar ao meu avô, que estava nas nossas terras de São Vicente, à beira-mar, e como ela ficava "com o coração nas mãos", com medo que lhe acontecesse algo de mal. Contava que numa noite até sonhou que ele tinha caído numa cisterna, e andou anos com medo que o sonho se concretizasse. É bom partilharmos estas histórias antigas que, afinal, são tão parecidas. Bjs, Ilídia
PS. Também tenho uma costela do Pico, pois o meu avô paterno era de lá, de S. João. Mas nunca conheci as tortas de lá.
Gostaria de pedir desculpa à Picarota por ter eliminado inadevertidamente o comentário que fez às minhas tortas. Como sou nova nas lides do blog pus os pés pelas mãos e seleccionei erradamente para eliminar o seu comentário, que muito prezei e agradeço.
Gostei de saber que tanto a Picarota como a Ilídia conhecem as tortas, apesar de terem referido que são confeccionadas de modo diferente. Afinal, a riqueza das receitas está na diversidade, mesmo quando ela é tão próxima como no caso das nossas ilhas, e na história da vivência familiar de determinado prato.
Gostaria de ver as vossas tortas publicadas, também para as experimentar.
Bjs
Patrícia
Ok. Fica combinado. Quando fizer tortas, publico. Um beijinho
Olá, Patrícia!Vim conhecer as vossas tortas e achei-as deliciosas, um óptimo aproveitamento de sobras e pão. Cá também as chamamos pataniscas, e são feitas mais com bacalhau... Com a gastronomia ficamos a conhecer um pouco da história e modo de vida das diferentes regiões do país e do mundo. Estou a gostar muito desta troca de experiências, aqui na blogosfera, tem sido muito enriquecedor. Um dia gostaria muito de conhecer os Açores, tenho a ideia, pelo que vejo e ouço de pessoas que conhecem, que aí é o paraíso, de tão lindo que é...Por enquanto fico só no sonho e vou conhecendo as comidas daí :) Vou voltar cá mais vezes, pelo menos estas visitas não precisam de atravessar o oceano...
Beijinhos
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